“Que taes dez annos nunca ouve em Portugal como estes que reinara el Rei Dom Pedro”

D. Pedro I

Foi em Coimbra no dia oito de abril do ano mil trezentos e vinte que nasceu um dos mais admirados réis de Portugal. Filho de D. Afonso IV, D. Pedro quase permitiu a todos os que tiveram o privilégio de ler algo sobre a nossa estória, de sentir uma das mais belas estórias de amor, proibido mas de valores inimagináveis.

Inês de Castro de seu nome, era a sua amada, aia da sua mulher e objeto de ódios, guerras e finalmente, morte. Curioso que uma traição conjugal deu origem a um romance que ficou marcado para sempre.

Mas não escrevo sobre D. Pedro pelo amor que o fez ser conhecido pelo “Cruel” ou o “Vingativo”. Escrevo porque preciso da sua ajuda (de D. Pedro). É curioso que após setecentos e um anos, as palavras registadas nos livros da memória, nos tentem ensinar o que é a justiça, o ser justo.

D. Pedro foi conhecido pelo “O Justo” — pessoa que procede com justiça, fonte: Priberam.
Diz-se que este rei foi um grande administrador do nosso pais, rigoroso com o que não era dele, justo com os mais desfavorecidos.
Quase que parece os nossos tempos? Não.

Sou pai de duas crianças lindas. Como eu existe milhares de pais e mães que também acham os seus filhos lindos — esta vaidade não faz mal à saúde nem aos outros — e que também tem uma preocupação: ensinar às crianças o sentido de justiça. Bem, se ser justo é alguém que procede com justiça, justiça é “latim justitia, conformidade com o direito, equidade, bondade, fonte: Priberam.

Outro bem, para se ser justo, tem que se entender o que é equidade. Significa entre outras coisas, igualdade. Não quero ser repetitivo mas bem, igualdade significa “organização social em que não há privilégios de classes — fonte: Priberam”. Se a coisa estava complicada, ainda ficou mais — e lembro que a ideia é explicar às crianças o que é ser justo -, pois parece-me que existe dois grupos de classes: os de económica e os de executiva. Não. Não estou a falar de lugares de avião, nem de comboio.

Sei que a ideia está toda baralhada. Quase que estive para apagar todo o texto. Mas depois percebi que até está atual. Consegue com algum esforço, que o ser justo, a justiça, a equidade, a classe, é isso mesmo. Uma grande confusão. Ora vejamos um diálogo entre a minha filha e eu.
- Bárbara, não deves ser egoísta! O teu colega estava à tua frente por isso é justo que tenha sido ele a comer primeiro.
- Pai, estás profundamente enganado. Eu fui bondosa em experimentar primeiro a comida não fosse a mesma estar quente ou estragada. Depois, executei um exercício de liberdade ao utilizar o meu estatuto social de classe executiva em que como tu tens mais rendimentos que o pai do meu colega, permiti-me ter acesso a mais e melhor alimentação, o que foi o caso.
- Mas Bárbara, o direito de comermos é de todos.
- Pois é pai, e ele comeu. Em ultimo. Ou estavas à espera que a classe económica tivesse prioridade mesmo tendo menos, passando mais dificuldade e essas querelas todas!?

Claro que esta estória do quase inventado, não é real até porque educo a minha pequena e o pequeno, que a justiça é um bem precioso, talvez um dos tesouros mais raros mas fundamentais na sociedade. Agora que temos um problema temos. D. Pedro ficaria de boca aberta ao ver o que muitos andam a fazer pelo pais que este outrora fez, defendeu e lutou.

Precisamos de um D. Pedro para nos liderar. Não. Precisamos de conquistar todos, individualmente, um pouco da energia que este rei investiu na vingança da sua amada, não para o mal, mas para nos enriquecer o interior pois assim, os usurpadores de liberdade e justiça não terão espaço para os seus pensamento medíocres.

Usaremos o nosso pensamento individual em prol do pensamento coletivo, respeitando o uno de cada um.

Artigo 13º, nº1 — “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei” — Constituição Portuguesa, aquele documento que quase é conhecido…

Estórias do Quase, com justiça e verdade…

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