PALAVRAS EM MINÚSCULO.
vénia. parece ser o que este simples homem faz ao beijo que uma das infinitas ondas dá a uma das milenares rochas de uma praia.
um robalo. começa a conversa simples com um transeunte do mar. é um robalo? "sim", diz ele com poucas palavras ou melhor, com poucas letras.
silêncio do mar. a segurar a cana, sentindo o toque dos peixes no isco, fiquei ali, a ouvir o silêncio da fina linha de pesca que invade a água. ele, o transeunte do mar, deixou-me ali ficar.
sargo, dourado, robalo. "eles são espertos. mas o mais esperto é o robalo. gosta do mar branco. está a ver? assim, com a espuma. é para se camuflar. é um predador do que anda por aqui nas rochas. por isso é que todos dizemos na noite, pela calada, porque à noite é que se faz boa linha. ele é esperto. mas eu vou dando festinhas e ele vem atrás. umas vezes, sou eu o esperto". e sorriu.
"vem aí. é sargo. é pequeno. vai voltar para a água. há quem leve tudo. e deixe tudo, lixo, linhas. não, eu levo peixe, não espinhas. faço isto porque gosto e já agora comemos lá em casa. mas aqueles que levam tudo e deixam tudo, tiram-me do sério."
parou. guardou todas aquelas ferramentas inimigas dos dados, robalos e douradas. arranjou os que o vão acompanhar até casa. e caminhou.
caminhou pela praia. os pés a tocar na água, muita dela em forma de espuma. parece um ritual. deve fazer bem. sente-se jovialidade e humildade. vê-se pele de trabalho e suor. emana uma sabedoria própria aprendida talvez a montante.
uma vénia. ao tempo que ofereci à oportunidade de aprender e ouvir um escutador do mar através das mãos. sim, porque nas mãos, este buscador (aquele que procura sem saber o quê) e transeunte do mar, deixou que eu o escutasse.